Este blog visa resgatar e/ou preservar pérolas da MPB. Buscamos enriquecer as informações com o histórico das canções e algumas informações que possam agradar aqueles que buscam aumentar sus conhecimentos sobre a fantástica música brasileira, bem como seus compositores e intérpretes.
"Triste Berrante" foi composta por Adauto Santos (1940-1999) e incluída em seu disco homônimo lançado em 1978.
Esta música, ícone do cancioneiro regional brasileiro, foi regravada por muitos artistas brasileiros, como as Irmãs Galvão e a dupla Pena Branca e Xavantinho.
Adauto Santos
Sucesso popular, também chegou à televisão como tema da novela "Pantanal" (1990 - Adauto Santos e Solange Maria), folhetim que fez enorme sucesso na tv brasileira.
TRISTE BERRANTE (Adauto Santos)
Já vai bem longe esse tempo bem sei Tão longe que até penso que eu sonhei Que lindo quando a gente ouvia distante O som daquele triste berrante E um boiadeiro a gritar Eiá! E eu ficava ali na beira da estrada Vendo caminhar a boiada Até o último boi passar Ali, passava boi, passava boiada tinha uma palmeira na beira da estrada onde foi cravado muito coração Mas sempre foi assim E sempre foi assim E sempre será O novo vem e o velho tem que parar O progresso cobriu a poeira da estrada E esse tudo que é o meu nada Hoje tenho que acatar E chorar Mas mesmo vendo gente, carros passando Meus olhos estão enxergando Uma boiada a passar.
O samba em homenagem à cidade de Niterói foi composto em 1941 por Wilson Batista (1913-1968) e Ataulfo Alves (1909-1969).
"Eu Não Sou Daqui" foi gravado originalmente por Aracy de Almeida e, posteriormente, por Cristina Buarque. Recebeu mais recentemente uma regravação da niteroiense Zélia Duncan.
Wilson Batista
Ataulfo Alves
EU NÃO SOU DAQUI (Eu Sou de Niterói) (Wilson Batista / Ataulfo Alves)
Eu não daqui Eu sou de Niterói Sinto muito , mas não posso Aceitar o seu amor Na terra de Araribóia É que eu tenho quem me quer Passe bem, seja feliz, oi E até quando Deus quiser Juro, tenho compromisso Seu moço, preste atenção Do outro lado da Baía Empenhei meu coração
"Pavão MIsterioso" foi composta pelo cearense Ednardo (1945) em 1974 e incluída na trilha sonora da novela "Saramandaia" (1976 e 2013), da TV Globo.
Ednardo
A canção foi composta com base na literatura de cordel e possui mais de 20 regravações, tanto no Brasil (Belchior, Elba Ramalho) como no exterior (Paul Mauriat). Lançada em plena vigência da ditadura militar em nosso país, possui uma crítica ferrenha ao autoritarismo e a ausência da liberdade individual.
O cordel no qual Ednardo baseou sua grande composição chama-se "O Romance do Pavão Misterioso", escrito por José Camelo de Melo Rezende, em 1923. Conta uma aventura aparentemente despretensiosa, mas de grande apelo popular, com raízes nos contos das Mil e uma Noites. "O Pavão Misterioso” possui 141 estrofes de seis versos (sextilhas) de sete sílabas (redondilha maior). É narrada a história da Condessa Creuza, a moça mais bonita da Grécia, conservada pelo pai trancada desde a infância no mais alto quarto de um sobrado.Uma vez no ano, a moça aparece por uma hora ao povo, que vem de longe, só para contemplar-lhe a beleza. Um retrato dela chega até a Turquia, onde mora Evangelista, que se apaixona pela bela figura da jovem. Dirigindo-se à Grécia, ele encomenda a um engenheiro um mecanismo alado – o Pavão Misterioso do título – a bordo do qual consegue chegar até o quarto da moça, raptando-a, depois de vários perigos e dificuldades.
A música é considerada sagrada pelos índios do Xingu nos rituais religiosos. Também usada por outros tantos como hino à liberdade, a beleza humana e sua capacidade de realizar a vida acima das aparentes impossibilidades. PAVÃO MISTERIOSO (Ednardo)
Pavão misterioso Pássaro formoso Tudo é mistério Nesse seu voar Ai se eu corresse assim Tantos céus assim Muita história Eu tinha prá contar...(2x)
Pavão misterioso Nessa cauda Aberta em leque Me guarda moleque De eterno brincar Me poupa do vexame De morrer tão moço Muita coisa ainda Quero olhar...
Pavão misterioso Meu pássaro formoso Tudo é mistério Nesse seu voar Ai se eu corresse assim Tantos céus assim Muita história Eu tinha prá contar... Pavão misterioso Meu pássaro formoso No escuro dessa noite Me ajuda, cantar Derrama essas faíscas Despeja esse trovão Desmancha isso tudo, oh! Que não é certo não...
Pavão misterioso Meu pássaro formoso Um conde raivoso Não tarda a chegar Não temas minha donzela Nossa sorte nessa guerra Eles são muitos Mas não podem voar...
"Jura Secreta" é uma composição de Abel Silva (1945) e Sueli Costa (1943).
Abel Silva
Mesmo tendo ocupado quartos de frente do legendário Solar da Fossa e, anos depois, sido vizinhos em Ipanema, Sueli Costa e Abel Silva jamais haviam feito um música juntos antes de “Jura Secreta”. Foi Abel quem procurou Sueli, por meio de uma carta com uma letra da qual nasceria esta canção. Como grande parte do que se escrevia na ocasião, a letra expunha de forma metafórica reflexões sobre o amordaçamento geral imposto pela ditadura. Eram versos estranhos, aparentemente contraditórios, que afirmavam negações e negavam afirmações: “Só uma coisa me entristece/ o beijo de amor que eu não roubei/ (...)/ nada do que eu quero me suprime/ do que por não saber inda não quis/ (...)/ só o que me cega, o que me faz infeliz/ é o brilho do olhar que não sofri/ (...)/ só uma palavra me devora/ aquela que o coração não diz...” Nestes dois últimos versos, o âmago do poema, Abel na se referia uma palavra específica, mas ao (não) uso da palavra, ou seja, ao silêncio involuntário.
Sueli Costa
Lida a carta, Sueli sentiu no primeiro momento como deveria ser a melodia, compondo de estalo a terna canção, que seria levada com outras inéditas para Maria Bethânia, na época preparando o show “Pássaro da Manhã”, no Teatro da Praia. Todavia, como Bethânia optou por “Coração Ateu”, gravado por ela em 75, Sueli pôde então atender Simone, que selecionava repertório para um novo disco e acabou escolhendo “Face a Face” e “Jura Secreta”.
A gravação de “Jura Secreta” foi atribulada, tendo acontecido duas tentativas, uma com um grupo de músicos, a outra com dois violões, ambas frustrantes, o que deixou Simone tão perturbada que chegou a menosprezar a letra de Abel. Daí os ânimos só viriam a serenar com uma intervenção de Gozaguinha, seguida dasugestão de Sueli, para que a cantora gravasse apenas com o teclado de Gilson Peranzzetta, que criaria para a composição um acompanhamento bluesy ao piano Fender. Logo na primeira tentativa Simone chegou a se engasgar de emoção, prevalecendo a segunda, que acabou sendo o grande sucesso do álbum Face a face. Isso foi uma surpresa para os incrédulos compositores que sabiam ser “Jura Secreta” uma dessas canções classificadas como difíceis na gíria musical. Sua leitura seria até recomendada por psiquiatras para ajudar seus pacientes no processo de auto conhecimento.
Tempos depois do lançamento, Simone diria o recado a Sueli que se tivesse composto “Jura Secreta” trocaria o título para “Auto Retrato”.
Entre as gravações desta canção destacam-se as da autora, no elepê Louça fina e a de Fagner, em Quem viver chorará, além da de Simone, naturalmente.
"Jura Secreta" esteve presente na trilha sonora das novelas: "Memórias de Amor" (Simone / 1979), "Da Cor do Pecado" (Zélia Duncan / 2004)
Fonte: A CANÇÃO NO TEMPO(Jairo Severiano e Zuza Homem de Melo)
JURA SECRETA
(Sueli Costa e Abel Silva)
Só uma coisa me entristece
O beijo de amor que não roubei
A jura secreta que não fiz
A briga de amor que não causei
Nada do que posso me alucina
Tanto quanto o que não fiz
Nada que eu quero me suprime
De que por não saber
'Inda não quis
Só uma palavra me devora
Aquela que meu coração não diz
Sol que me cega
O que me faz infeliz
É o brilho do olhar
Que não sofri.
“Retalhos de Cetim” foi composto ao tempo em que Benito Di Paula(1941) morava no bairro paulistano da Bela Vista. Curiosamente, embora pianista Benito o compôs ao violão.
Lançado em um show que ele fazia no Teleco-Teco, “Retalhos de Cetim” agradaria em cheio os habituées da casa, entre os quais se incluíam os sambistas Ciro Monteiro e Monsueto.
Benito Di Paula
Foi graças ao prestígio deste samba que Benito seria convidado a gravar na Copacabana, embora, paradoxalmente, a música escolhida para o compacto de estréia tenha sido “Ela”, mais tarde também gravada por Jair Rodrigues.
Desprezado por ser considerado muito romântico, “Retalhos de Cetim” só entraria no segundo compacto, iniciando de imediato sua escalada para o sucesso, que projetou o nome do autor no país e até no exterior, onde a composição ganhou gravações como as realizadas pela orquestra de Paul Mauriat e o guitarrista americano Charlie Byrd.
Benito Di Paula “Retalhos de Cetim” conta a história de um sambista que ensaia o ano inteiro, compra surdo, tamborim e uma fantasia de retalhos de cetim para uma cabrocha que jurou desfilar por ele(“Gastei tudo em fantasia / era só o que eu queria / e ela jurou desfilar por mim”). Mas, como a cabrocha não cumpre a promessa, Benito deu ao samba um tom lamentoso, o que de certa forma induz a participação da platéia nas pausas, uma das razões que o ajudaram a se popularizar: “Mas chegou (mas chegou) o carnaval (o carnaval) / e ela não desfilou / eu chorei na avenida, eu chorei / não pensei que mentia / a cabrocha que eu tanto amei.” Fonte: MPB Cifrantiga.
RETALHOS DE CETIM (Benito Di Paula)
Ensaiei meu samba o ano inteiro, Comprei surdo e tamborim. Gastei tudo em fantasia, Era só o que eu queria. E ela jurou desfilar pra mim, Minha escola estava tão bonita. Era tudo o que eu queria ver, Em retalhos de cetim. Eu dormi o ano inteiro, E ela jurou desfilar pra mim. Mas chegou o carnaval, E ela não desfilou, Eu chorei na avenida, eu chorei. Não pensei que mentia a cabrocha,que eu tanto amei.
A música foi composta por Alberto Ribeiro (1902-1971), João de Barro, o Braguinha (1907-2006), e Lamartine Babo (1904-1963).
“Segundo o pesquisador Suetônio Soares Valença, a marcha "Cantores do Rádio" foi composta dentro de um ônibus, depois de uma noitada em que os três haviam perdido todo o dinheiro apostado no Cassino da Urca. Entusiasmado com a canção concebida no banco de trás do lotação, o trocador teria dispensado-os dos vinténs da passagem."
"Cantores do Rádio" representou a primeira e única vez na qual as irmãs Carmen e Aurora Miranda apareceram juntas em um filme. Elas interpretaram a canção, enorme sucesso gravado em 1936, no filme "Alo, Alo, Carnaval".
Além de estar presente na trilha sonora do filme "Alo, Alo Carnaval" ( Aurora e Carmen Miranda / 1936 ), esteve também na trilha do filme "Quando o Carnaval Chegar" ( Chico Buarque, Maria Bethânia e Nara Leão / 1972 ).
Fonte: Cliquemusic.
Alberto Ribeiro
CANTORES DO RÁDIO
( Alberto Ribeiro / Braguinha / Lamartine Babo )
Nós somos as cantoras do rádio
Levamos a vida a cantar
De noite emabalamos teu sono
De manhã nós vamos te acordar
Nós somos as cantoras do rádio
Nossas canções, cruzando um espaço azul,
Vão reunindo
Num grande abraço
Corações de norte a sul
Canto pelos espaços afora
Vou semeando cantigas
Dando alegria a quem chora Canto pois sei
Que a minha canção
Faz estancar a tristeza que mora
No teu coração
Canto pra te ver mais contente
Pois a ventura dos outros
É a alegria da gente
"Marcha da Quarta-Feira de Cinzas" foi composta em 1963 por Carlos Lyra (1936) e Vinícius de Moraes (1913/1980).
A melodia foi composta por Carlos Lyra. Vinícius de Moraes então colocou letra nesta pérola da MPB.
Composta antes de 1964, a “Marcha da Quarta-Feira de Cinzas” é assim uma espécie de protesto premonitório contra a realidade imposta pela ditadura militar. Pertence àquela fase inicial do CPC (Centro Popular de Cultura) em que Carlos Lyra incorpora à sua obra uma temática político-nacionalista, tendo sido feita no mesmo dia em que ele e Vinícius haviam concluído o “Hino da UNE” (“De pé a jovem guarda / a classe estudantil / sempre na vanguarda / trabalha pelo Brasil...”).
Carlos Lyra Mas, com sua mensagem disfarçada no lirismo melancólico de uma marcha-rancho, a composição pode ser considerada um belo exemplar do gênero música de protesto: “Acabou nosso carnaval / ninguém ouve cantar canções / ninguém passa mais brincando feliz / e nos corações / saudades e cinzas foi o que restou...” A passagem com o acorde de sétima maior de dó antecedendo a frase “e no entanto é preciso cantar”, após a pungente primeira parte, cria um momento mágico, na medida em que envolve a platéia inteira e a faz cantar suavemente embalada por um simples violão.
Vinícius de Moraes Um clássico de seu tempo, a “Marcha da Quarta-Feira de Cinzas” é uma daquelas raras canções capazes de encerrar com elevada dose de emoção um espetáculo musical. Embora consagrada pela voz de Nara Leão, teve sua gravação inicial por Jorge Goulart em fevereiro de 1963.
A canção fez parte da trilha sonora da novela "Fera Ferida" Vol.2 ( 1993/94 - Leila Pinheiro).
Fonte: A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34.
MARCHA DA QUARTA-FEIRA DE CINZAS ( Carlos Lyra / Vinícius de Moraes )
Acabou nosso carnaval Ninguém ouve cantar canções Ninguém passa mais brincando feliz E nos corações Saudades e cinzas foi o que restou
Pelas ruas o que se vê É uma gente que nem se vê Que nem se sorri Se beija e se abraça E sai caminhando Dançando e cantando cantigas de amor
E no entanto é preciso cantar Mais que nunca é preciso cantar É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente tem Qualquer dia vai se acabar Todos vão sorrir Voltou a esperança É o povo que dança Contente da vida feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis E há tão grandes promessas de luz Tanto amor para amar De que a gente nem sabe
Quem me dera viver pra ver E brincar outros carnavais Com a beleza dos velhos carnavais Que marchas tão lindas E o povo cantando Seu canto de paz.
Esta música foi composta por Zé Keti (19121/1999) em 1952. Na época já existia a intenção de praticar uma política de remoção de favelas, que servia ao mesmo tempo à especulação imobiliária e a um ideal de "embelezamento" e ordenação urbana que simbolizava o progresso capitalista, sob a égide da "ordem". Tentaram na favela do Jacarezinho, mas a resistência organizada dos moradores impediu. Este projeto só pôde ser plenamente implantado após o golpe de 1964, quando os militares golpistas e seus lacaios no governo do estado do Rio de Janeiro podiam fazer uso mais aberto da violência para massacrar a resistência das populações faveladas.
Os defensores da política de remoção de favelas utilizavam como arma ideológica o "argumento" de que a favela era um reduto de marginais e vagabundos, para justificar as políticas das classes dominantes. Os moradores dos morros e favelas eram, e ainda são, também excluídos do direito à expressão de suas idéias, anseios, manifestações artísticas e culturais. Em suma, do direito à voz. Zé Keti veio, em seu nome, "mostrar ao mundo que tenho valor" e assim, dar sua contribuição para desmontar o argumento ideológico da marginalidade do morador de favela.
Depois do golpe, com a repressão à imprensa, não se poderia divulgar as violências praticadas contra aqueles que resistissem à política oficial. Isso facilitou a implementação daquelas políticas. Mesmo assim, corajosamente, nosso herói desafiava em "Opinião":
"Podem me prender, Podem me bater, Podem até deixar-me sem comer Que eu não mudo de opinião, Daqui do morro, eu não saio não."
E, de fato, batiam, prendiam, deixavam sem comer e, mais do que isso, torturavam, matavam, faziam desaparecer... e queimavam os barracos dos que se recusavam a sair, como na favela da Praia do Pinto. Batiam como bateram ao invadir o espetáculo "Opinião", em São Paulo.
Extraído de Luiz Elias Sanches, Mestrando da CPDA/UFRRJ.
"A Voz do Morro" foi gravada por Jorge Goulart em 1955. Fez parte da trilha sonora do filme "Rio 40 graus", de Nelson Pereira dos Santos, onde Zé Kéti fez uma ponta como ator e a música tornou-se grande sucesso nacional. A música esteve presente ainda na trilha das novelas ¨Feijão Maravilha (Luiz Melodia), ¨Lado a Lado¨¨ (Diogo Nogueira) e "Insensato Coração" - samba (2011 - Marcos Sacramento).
Fonte: Paixão e Romance.
A VOZ DO MORRO (Zé Keti)
Eu sou o samba A voz do morro sou eu mesmo sim senhor Quero mostrar ao mundo que tenho valor Eu sou o rei do terreiro
Eu sou o samba Sou natural daqui do Rio de Janeiro Sou eu quem levo a alegria Para milhões de corações brasileiros
Salve o samba, queremos samba Quem está pedindo é a voz do povo de um país Salve o samba, queremos samba Essa melodia de um Brasil feliz.
Samba-canção composto por Adelino Moreira (1918/2002), foi o maior sucesso da carreira do cantor Nelson Gonçalves.
A canção permaneceu inédita por quatro anos e vendeu mais de um milhão de discos vendidos quando lançada em 1956 por Nelson Gonçalves, chegando depois a dois milhões de discos, tornando-se uma das suas principais obras gravadas.
A letra da música trata de um homem que pede permissão para retornar à sua antiga vida boêmia, a qual havia anteriormente abandonado pelo amor de uma mulher. É dito também na letra que é a pedido da própria mulher que o personagem faz tal retorno.
Esta canção teve diversas outras gravações de artistas, como Cauby Peixoto, Agnaldo Rayol, Agnaldo Timóteo, Sidney Magal, Teixeirinha, Pery Ribeiro, Danilo Caymmi, Núbia Lafayette, Joanna, Carlos Alberto, Antônio Marcos, Moreira da Silva, Adilson Ramos, Pato Fu (no álbum "Gol de Quem?"), entre outros.
Esteve presente na trilha sonora complementar da novela "Gabriela" - Uma Noite no Bataclan (Nelson Gonçalves / 1975), da novela "Quem É Você?" (Nelson Gonçalves / 1996) e do filme "Nelson Gonçalves" (Nelson Gonçalves / 2001).
A VOLTA DO BOÊMIO (Adelino Moreira)Boemia, aqui me tens de regresso E suplicante te peço a minha nova inscrição. Voltei pra rever os amigos que um dia Eu deixei a chorar de alegria; me acompanha o meu violão. Boemia, sabendo que andei distante, Sei que essa gente falante vai agora ironizar: "Ele voltou! O boêmio voltou novamente. Partiu daqui tão contente. Por que razão quer voltar?" Acontece que a mulher que floriu meu caminho De ternura, meiguice e carinho, sendo a vida do meu coração, Compreendeu e abraçou-me dizendo a sorrir: "Meu amor, você pode partir, não esqueça o seu violão. Vá rever os seus rios, seus montes, cascatas. Vá sonhar em novas serenatas e abraçar seus amigos leais. Vá embora, pois me resta o consolo e alegria De saber que depois da boemia É de mim que você gosta mais".
O excelente e inesquecível samba "Coisinha do Pai", composto por Jorge Aragão (1/3/1949), Almir Guineto (12/7/1946-2017) e Luiz Carlos ( falecido em 2019), foi lançada no álbum "Beth Carvalho no Pagode" (1979), de Beth Carvalho.
“Coisinha do Pai” foi composta originalmente por Jorge Aragão para embalar o sono de suas filhas Vânia e Tânia. Foi também um dos maiores sucessos do tradicional bloco carnavalesco carioca Cacique de Ramos.
Jorge Aragão
Almir Guineto
Luiz Carlos
Essa música, inclusive, foi levada além de fronteiras terrenas, pois ganhou uma gravação especial em 1997 para “acordar” o robô Mars Pathfinder, que foi enviado à Marte pela Nasa.
Em 1996 a musica recebeu uma regravacão de Elba Ramalho e Jair Rodrigues para o Cd Casa de Samba 1.
COISINHA DO PAI
(Jorge Aragão / Almir Guineto / Luiz Carlos)
O Coisinha Tão Bonitinha Do Pai
O Coisinha Tão Bonitinha Do Pai
O Coisinha Tão Bonitinha Do Pai
A Coisinha Tão Bonitinha Do Pai
Voce Vale Ouro todo O Meu Tesouro
Tao Formosa Da Cabeça Aos Pés
Vou Lhe Amando Lhe AdorandoDigo Mais Uma Vez
Agradeço A Deus Por Que Lhe Fez
O Coisinha Tão Bonitinha Do Pai
O Coisinha Tão Bonitinha Do Pai
O Coisinha Tão Bonitinha Do Pai
A Coisinha Tão Bonitinha Do Pai
Charmosa é Tão Dengosa
Que Só Me Deixa Prosa
Tesouro é Que Vale Ouro
Agradeço A Deus Por Que Lhe Fez
O Coisinha Tão Bonitinha Do Pai
O Coisinha Tão Bonitinha Do Pai
O Coisinha Tão Bonitinha Do Pai
A Coisinha Tão Bonitinha Do Pai.
"Saudade da Minha Terra", popularmente conhecida como, "Adeus Paulistinha" foi composta pela dupla Goiá (1955-1981) e Belmonte (1937-1972).
A letra foi composta por Goiá (Gerson Coutinho da Silva) devido a saudade imensa que sentia de suas raízes. de sua terra natal, Coromandel, Minas Gerais.
Goiá
Belmonte
Por diversas vezes, quando sozinho, Goiá ouvia nitidamente o barulho da chuva na telha de barro comum do seu quarto de infância, enquanto o cheiro de terra molhada penetrava por toda a casa, e assim carregava consigo a certeza de que era preciso refazer tudo isso outra vez, porque o homem sem a lembrança viva de sua terra, seus amigos, é um condenado a viver em terra estranha e não mais saber quem é ele mesmo. Mas para visitar seu povo e sua terra. Goiá queria passar primeiro por São Paulo; queria concretizar de vez aquilo que sabia fazer: cantar e compor.
Dizia... "É da solidão e de saudade que minha inspiração se nutre, mas qual é a medida correta para avaliar o sucesso". Então telegrafou para o Sinval Pereira e aí só faltava o bilhete de despedida que veio sair nos versos de "Saudade da Minha Terra"
Em novembro de 1955, quando mudava definitivamente para São Paulo e é bom lembrar que antes de ganhar o título de "Saudade da minha terra", chamava-se "Manhãs na Roça", e que Belmiro e Belmonte foi a primeira dupla a gravá-la, não fazendo sucesso, em seguida, com Belmonte e Amaraí, aí sim com muito sucesso.
SAUDADE DA MINHA TERRA
(Goiá / Belmonte) De que me adianta viver na cidade
Se a felicidade não me acompanhar
Adeus, paulistinha do meu coração
Lá pro meu sertão quero voltar
Ver a madrugada, quando a passarada
Fazendo alvorada começa a cantar
Com satisfação arreio o burrão
Cortando o estradão saio a galopar
E vou escutando o gado berrando
Sabiá cantando no jequitibá
Por nossa senhora, meu sertão querido
Vivo arrependido por ter te deixado
Esta nova vida aqui na cidade
De tanta saudade, eu tenho chorado
Aqui tem alguém, diz que me quer bem
Mas não me convém, eu tenho pensado
Eu fico com pena, mas essa morena
Não sabe o sistema que eu fui criado Tô aqui cantando, de longe escutando
Alguém está chorando com o rádio ligado.
Que saudade imensa do campo e do mato
Do manso regato que corta as campinas
Aos domingos ia passear de canoa
Nas lindas lagoas de águas cristalinas
Que doce lembrança daquelas festanças
Onde tinham danças e lindas meninas
Eu vivo hoje em dia sem ter alegria
O mundo judia, mas também ensina
Estou contrariado, mas não derrotado
Eu sou bem guiado pelas mãos divinas
Pra minha mãezinha já telegrafei
E já me cansei de tanto sofrer
Nesta madrugada estarei de partida
Pra terra querida, que me viu nascer
Já ouço sonhando o galo cantando
O inhambu piando no escurecer
A lua prateada clareando a estrada
A relva molhada desde o anoitecer
Eu preciso ir pra ver tudo ali
Foi lá que nasci, lá quero morrer.
Esta é uma das toadas históricas da imortal dupla Raul Torres (1906 - 1970) e João Pacífico (1909 - 1998).
Os dois compositores foram criadores do gênero "Toada Histórica", o famoso "falar e cantar" que imortalizou "Chico Mulato" e "Cabocla Tereza", músicas essas que enfrentaram dificuldades técnicas no início, pois, como as músicas duravam mais de 3 minutos, não caberiam jamais em apenas um lado do disco. Após uma estudada e experimentada "maior aproximação entre os sulcos" do disco, finalmente foi gravada e os discos de "Chico Mulato" foram tocados nas rádios, alcançado estrondoso sucesso. Daí para "Cabocla Tereza", foi "um pulo", pois o diretor da gravadora passou a querer "mais daquelas de falar e cantar".
João Pacífico conta que uma vez Mister Evans, chairman da Colúmbia no Brasil, mandou cortar um pouco a orquestração, apertar um pouquinho, imprimir um pouco mais depressa, enfim, mandou dar um jeito para que a música coubesse todinha em um lado do 78RPM, mas "o interessante é que ele gostou, e mandou me avisar que quando fizesse outras músicas, fizesse daquele jeito de – e capricha no sotaque – falar e cantar. Segui o conselho e logo em seguida não só fiz com o proseado e canto, mas fiz a minha primeira vítima em música: matei a personagem." A música é a hoje clássica “Cabocla Tereza”, gravada em 1936.
Raul Torres
A primeira gravação de “Cabocla Tereza” foi feita pelo Raul Torres (proseado) e Florêncio (parte cantada), é até hoje ainda gravada. Sem dúvida alguma, é uma das composições mais conhecidas de Pacífico. A história de um sujeito que, enciumado, possessivo, acaba matando a amada porque ela "felicidade não quis". Esta é uma das músicas mais conhecidas do cancioneiro nacional. Composta cerca de quatro anos antes da data de gravação, Cabocla Tereza se encaixa perfeitamente na argumentação que João Pacífico dá à aceitação das suas músicas. Para ele, o caboclo gosta de história completa, gosta de música que tem começo, meio e fim, gosta dessa coisa de folhetim, de história como se fosse notícia de jornal. "O caboclo é muito simples nisso, ele gosta muito que uma música conte uma história, uma história com a qual ele se identifique. Eu percebi isso quase que sem querer, apenas sentindo a aceitação do público pela minha música", conta Pacífico. Existe um questão que intriga o compositor com relação a esta música: "Olha, quase todas as duplas do país já gravaram músicas minhas e, ainda hoje, chega gente aqui em casa e fala: "Seu João, a gente queria gravar Cabocla Tereza", e eu respondo: mas a Cabocla Tereza já tá velha, já teve enfarte. Tem tanta coisa nova por aí, mas não, eles insistem e eu tenho que deixar."
João Pacífico
Velha, enfartada ou não, o fato é que esta música virou roteiro e depois filme. Filme que deu chances para que João Pacífico pudesse utilizar suas qualidades de compositor num trabalho, para ele, até então inédito, aliás, dois: trabalhar sob encomenda e fazer uma trilha para cinema. Para isso o compositor assistiu ao copião e depois sentou – era um início de noite – numa austera mesa de jacarandá que existe em sua sala de visitas. Quando começou a amanhecer o dia, o trabalho estava feito: cada trecho – para ele - importante do filme tinha uma música que se encaixava com o clima. Pacífico aproveita a deixa do filme e reclama que a Chantecler, gravadora que lançou o disco, só lhe deu um, que foi roubado. em 1982., O filme com o mesmo nome,foi dirigido e estrelado por Sebastião Pereira, com Zélia Martins no papel de Tereza e a participação especial de Jofre Soares. CABOCLA TEREZA ( Raul Torres / João Pacífico)
"Lá no alto da montanha Numa casinha estranha Toda feita de sapê Parei numa noite à cavalo Pra mór de dois estalos Que ouvi lá dentro bate Apeei com muito jeito Ouvi um gemido perfeito Uma voz cheia de dor: "Vancê, Tereza, descansa Jurei de fazer a vingança Pra morte do meu amor" Pela réstia da janela Por uma luzinha amarela De um lampião quase apagando Vi uma cabocla no chão E um cabra tinha na mão Uma arma alumiando Virei meu cavalo a galope Risquei de espora e chicote Sangrei a anca do tar Desci a montanha abaixo Galopando meu macho O seu doutô fui chamar Vortamo lá pra montanha Naquela casinha estranha Eu e mais seu doutô Topemo o cabra assustado Que chamou nóis prum lado E a sua história contou" Há tempo eu fiz um ranchinho Pra minha cabocla morá Pois era ali nosso ninho Bem longe deste lugar. No arto lá da montanha Perto da luz do luar
Vivi um ano feliz Sem nunca isso esperá E muito tempo passou Pensando em ser tão feliz Mas a Tereza, doutor, Felicidade não quis. O meu sonho nesse oiá Paguei caro meu amor Pra mór de outro caboclo Meu rancho ela abandonou. Senti meu sangue fervê Jurei a Tereza matá O meu alazão arriei E ela eu vô percurá. Agora já me vinguei É esse o fim de um amor Esta cabocla eu matei É a minha história, dotor.
"Meu Erro" é um pop-rock composto por Herbert Vianna (1961) e lançada em 1984, com enorme sucesso.
Foi lançada em 1984 no LP O Passo do Lui, dos Paralamas do Sucesso (grupo de Herbert), que além dessa canção teve outras como "Óculos", "Me Liga" e "Romance Ideal", que viraram hit e fizeram dessa banda uma febre nacional.
Herbert Vianna
A música trata dos percalços de um relacionamento amoroso mal sucedido. Existe uma versão, não confirmada pelo autor, que a música foi composto por após uma decepção amorosa do compositor em um relacionamento com Paulo Toller.
Herbert Vianna diz que só percebeu uma maior profundidade na letra da canção quando ela foi regravada por Zizi Possi, tendo convidado a cantora para dividir o palco do Acústico MTV nos vocais dessa canção. A parceria foi tão boa que Herbert acabou compondo para Zizi outra bela música, "Eu Só Sei Amar Assim".
Herbert Vianna
MEU ERRO
(Herbert Vianna)
Eu quis dizer Você não quis escutar Agora não peça Não me faça promessas... Eu não quero te ver Nem quero acreditar Que vai ser diferente Que tudo mudou... Você diz não saber O que houve de errado E o meu erro foi crer Que estar ao seu lado Bastaria! Ah! Meu Deus! Era tudo o que eu queria Eu dizia o seu nome Não me abandone... Mesmo querendo Eu não vou me enganar Eu conheço os seus passos Eu vejo os seus erros Não há nada de novo Ainda somos iguais Então não me chame Não olhe pra trás... Você diz não saber O que houve de errado E o meu erro foi crer Que estar ao seu lado Bastaria! Ah! Meu Deus! Era tudo o que eu queria Eu dizia o seu nome Não me abandone jamais... Mesmo querendo Eu não vou me enganar Eu conheço os seus passos Eu vejo os seus erros Não há nada de novo Ainda somos iguais Então não me chame Não olhe pra trás... Você diz não saber O que houve de errado E o meu erro foi crer Que estar ao seu lado Bastaria! Ah! Meu Deus! Era tudo o que eu queria Eu dizia o seu nome Não me abandone jamais...
A canção "Garoto de Aluguel", também conhecida como "Taxi Boy" foi composta por Zé Ramalho (1949).
Existe uma versão de que a canção é autobiográfica e que, quando chegou ao Rio, Zé Ramalho havia trabalhado como garoto de programa. Entretanto, o próprio cantor revela " Não cheguei a ser michê, mas tinha umas meninas que dormiam comigo. A canção "Garoto de Aluguel" é autobiográfica por causa disso. Essas meninas eram estudantes que eu conhecia do tempo em que tocava com o Alceu. Eu era rato de show aqui no Rio de Janeiro. Elas gostavam dos cantores nordestinos, do jeitão da gente, meio desengonçados. Era mais a inspiração da música. Elas viam a situação em que a gente estava. Eu passei fome. Várias vezes dormi em frente ao Copacabana Palace. Mas teve uma camarada lá no Bar da Glória que, durante uns quatro meses, me deixou dormir num quarto de empregada, aquele cubículo miudinho. Era o tempo dos militares, em que assassinos, estupradores e bandidos não existiam. Existiam hippies e malucos, mas eles diziam: "Esse pessoal deixa em paz porque não é subversivo". "Nordestino sofredor" – chamavam a gente assim. Depois de servir o quartel, cheguei ao Rio preparado. As coisas que eu passei no quartel não foram moles. Antes de partir fui pra frente do espelho e disse: "Olha, cara, se você acha que é tão espertinho, vá pro Rio de Janeiro, sozinho, sem depender de ninguém". Fui com isso na cabeça. Sabia, no entanto, que com o pacote de canções alguma coisa iria acontecer. Disso eu tinha plena certeza, senão não viria."
Zé Ramalho
A música foi incluída em seu disco "A peleja do diabo com o homem do céu". de 1980.
Além da gravação do autor, a canção teve algumas gravações inusitadas, como a de Carmen Costa. A última das gravações marcantes foi na voz da jovem revelação da MPB, Thais Gullin.
Zé Ramalho
GAROTO DE ALUGUEL (Táxi Boy) (Zé Ramalho)
Baby ! Dê-me seu dinheiro que eu quero viver Dê-me seu relógio que eu quero saber Quanto tempo falta para lhe esquecer Quanto vale um homem para amar você Minha profissão é suja e vulgar Quero pagamento para me deitar Junto com você estrangular meu riso Dê-me seu amor que dele não preciso Ô, ô..ô,ô Baby ! Nossa relação acaba-se assim Como um caramelo que chega-se ao fim Na boca vermelha de uma dama louca Pague meu dinheiro e vista sua roupa Deixe a porta aberta quando for saindo Você vai chorando e eu fico sorrindo Conte pras amigas que tudo foi mal Nada me preocupa de um marginal Ô, ô..ô,ô Baby ! Nossa relação acaba-se assim Como um caramelo que chega-se ao fim Na boca vermelha de uma dama louca Pague meu dinheiro e vista sua roupa Deixe a porta aberta quando for saindo Você vai chorando e eu fico sorrindo Conte pras amigas que tudo foi mal Nada me preocupa de um marginal Ô, ô..ô,ô Baby, baby, baby, baby, baby, baby ô, ô, ô, ô, ô, ô Baby, baby, baby, baby, baby, baby ô, ô, ô, ô, ô, ô Baby, baby, baby, baby, baby, baby
A música “Mucuripe”, um grande sucesso composto pelos cearenses Fagner (1949) e Belchior (1946) teve, na verdade, duas versões.
A primeira, com letra e música frutos apenas da inspiração de Belchior, não é conhecida. Era cantada, pelo autor, em encontros boêmios de Fortaleza, principalmente, no Bar do Anísio, localizado na praia que deu o título à música e nas rodas de músicas do chamado “pessoal do Ceará”, grupo de talentosos artistas cearenses que faria história na MPB.
Posteriormente, Fagner fez uma nova versão em cima da mesma letra. Esta ficaria famosa ao ser gravada por dois monstros da MPB: Roberto Carlos e Elis Regina, se tornando a definitiva.
Fagner
Belchior, no livro, “No tom da canção cearense – Do rádio, e TV, dos lares e bares na era dos festivais (1963-1979)”, do historiador cearense Wagner Castro, conta como se inspirou para fazer a música:
“Mucuripe” veio da ideia de fazer desde um filme antigo em que vi aconselhando a mulher de um marinheiro: dizendo que ela deixasse receber todos os seus sofrimentos, todas as suas mágoas [...] Então resolvi fazer uma música sobre isso; a questão do Mucuripe, do significado do nome e porque naquela altura Mucuripe era um local muito poético, com suas dunas [...].
Já a versão posterior de Fagner foi vencedora do Festival do CEUB de Brasília. O próprio Belchior admite, no citado livro, que a versão do conterrâneo era melhor que a sua:
“[...] Eu fiz um scanner de “Mucuripe”, com letra e música e depois o Raimundo Fagner fez uma música bem melhor que a minha [...]. Depois, com muito prazer, eu deixei de cantar a minha”.
Belchior
Belchior aproveitou para fechar a música com uma conhecida frase de Augusto Pontes. “Vida, vento, vela, leva-me daqui” se ajustou com perfeição ao enredo da música se tornando um dos seus pontos fortes. Augusto, uma espécie de guru do pessoal do Ceará, declarou, em uma entrevista de 2006, não se importar com o uso do seu verso: “[...] Eu considero isso uma homenagem, não faz mal nenhum terem usado não.[...]Nunca pedi parceria por isso. São todos grandes amigos, é natural que um use uma frase ou outra [...]”.
Outra curiosidade sobre a música: em torno de 1972, Fagner chegou a morar na casa de Elis Regina, que se tornara sua amiga. Naquele tempo, o cearense de Orós estava prestes a gravar o seu primeiro LP “Manera Fru-Fru”, quando conheceu Ivan Lins por meio de Elis. A convite de Fagner, Ivan, que na época ainda não tinha grande vivência em arranjos, mas se mostrava um estudioso de música, se transformou, curiosamente, no primeiro arranjador da versão gravada de "Mucuripe".
Fonte: drzem.blogspot
"MUCURIPE" (Belchior / Fagner)
As velas do Mucuripe Vão sair para pescar Vão levar as minhas mágoas Pras águas fundas do mar Hoje à noite namorar Sem ter medo da saudade Sem vontade de casar
Calça nova de riscado Paletó de linho branco Que até o mês passado Lá no campo inda era flor
Sob o meu chapéu quebrado Um sorriso ingênuo e franco De um rapaz moço encantado Com vinte anos de amor
Aquela estrela é dela Vida vento vela leva-me daqui Aquela estrela é bela Vida vento vela leva-me daqui
As velas do Mucuripe Vão sair para pescar Vão levar as minhas mágoas Pras águas fundas do mar
Hoje à noite namorar Sem ter medo da saudade Sem vontade de casar
Calça nova de riscado Paletó de linho branco Que até o mês passado Lá no campo inda era flor
Sob o meu chapéu quebrado Um sorriso ingênuo e franco De um rapaz moço encantado Com vinte anos de amor
Aquela estrela é dela Vida vento vela leva-me daqui Aquela estrela é bela Vida vento vela leva-me daqui.