sexta-feira, 19 de junho de 2020

Cavaleiro de Aruanda

"Cavaleiro de Aruanda" é uma canção composta pelo guitarrista argentino Tony Osanah (1947) e gravada com grande sucesso por Ronnie Von no ano de 1972.

'Cavaleiro de Aruanda' mistura a batucada típica dos terreiros com guitarras fortes e um vocal irado.
Tomy Osanah, nascido em Buenos Aires, Argentina e radicado no Brasil não possuía nenhum contato com religiões de matrizes africanas. Segundo a página Povo de Luz, o encontro foi assim:
"Ex-hippie e ex-Hare Krishna, o portenho Osanah não tinha qualquer familiaridade com temas e personagens das religiões afro-brasileiras quando compôs "Cavaleiro de Aruanda". Nem noção de quem era Oxóssi, um orixá do candomblé brasileiro. Mas, de repente, em casa, começou a dedilhar o violão e, quatro minutos depois, saiu a música. Isso aconteceu em fevereiro de 1972, após um inesperado encontro na calçada em frente ao antigo prédio do Mappin, na Praça Ramos de Azevedo, centro de São Paulo. Osanah esbarrou em um desconhecido e teve uma surpresa. "O sujeito olhou pra mim e falou que eu precisava de ajuda. Ele parecia um velho índio. Pediu para eu acompanhá-lo e disse que eu nem imaginaria o que ia acontecer na minha vida nos próximos meses", relembra.


Tony Osanah

O homem era um pai de santo e tinha feições que remetiam a um Velho índio. Segundo o músico, ao retornar para casa compôs a música em pouquíssimo tempo. Osanah acredita que a música tenha sido "psicografada" para ele. A vida do argentino, a partir daí, sofreu uma reviravolta. "Eu vivia sempre tentando alguma coisa nas gravadoras. Era muito jovem, já casado e despreocupado", avalia. Daí em diante, fez fama e ganhou dinheiro. Hino a Oxóssi absorvido pela umbanda, a música é muito tocada até hoje.
Foi incluída no disco de Ney Matogrosso e foi regravada tambem pela cantora Rita Ribeiro, em seu disco / show tecnomacumba
Não à toa, seu autor agradece sempre a esse orixá, ligado à produção do conhecimento, à inteligência e à caça. Osanah já tinha um respeitado currículo quando encontrou o pai-de-santo na rua. Brilhou com Caetano em "Alegria, Alegria" e depois em "Soy Loco por Ti América", uma homenagem a Che Guevara. Havia tocado ainda com Gil na gravação de "Questão de Ordem". Na jovem guarda, foi parceiro de Ronnie Von, Eduardo Araújo e Antonio Marcos. Para Ronnie cantar, fez especialmente os sucessos "Tranquei a Vida" e "Colher de Chá".
O nome Osanah ele ganhou de Elis Regina. A "Pimentinha" o batizou assim depois de ser presenteada com a canção "Osanah" (mensageiro, em hebraico).
Sobre Ronnie Von, diz a lenda que ele era frequentador assíduo de terreiros e que a música lhe foi dada como presente e para divulgação da fé umbandista. O sucesso foi imediato e ela recebeu críticas entusiasmadas. Há também uma versão gravada por João Gordo no programa do Bial.







quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Triste Berrante

"Triste Berrante" foi composta por Adauto Santos (1940-1999) e incluída em seu disco homônimo lançado em 1978.

Esta música, ícone do cancioneiro regional brasileiro, foi regravada por muitos artistas brasileiros, como as Irmãs Galvão e a dupla Pena Branca e Xavantinho.

Adauto Santos


Sucesso popular, também chegou à televisão como tema da novela "Pantanal" (1990 - Adauto Santos e Solange Maria), folhetim que fez enorme sucesso na tv brasileira.

TRISTE BERRANTE
(Adauto Santos)

Já vai bem longe esse tempo
bem sei
Tão longe que até penso que
eu sonhei
Que lindo quando a gente ouvia
distante
O som daquele triste berrante
E um boiadeiro a gritar
Eiá!
E eu ficava ali na beira
da estrada
Vendo caminhar a boiada
Até o último boi passar
Ali, passava boi, passava boiada
tinha uma palmeira
na beira da estrada
onde foi cravado muito coração
Mas sempre foi assim
E sempre foi assim
E sempre será
O novo vem e o velho tem
que parar
O progresso cobriu a poeira
da estrada
E esse tudo que é o meu nada
Hoje tenho que acatar
E chorar
Mas mesmo vendo gente,
carros passando
Meus olhos estão enxergando
Uma boiada a passar.


                                                           Pena Branca e Xavantinho


                                                     Solange Maria e Adauto Santos




                                                                       Sérgio Reis


                                                                          Wando



                                                                      As Galvão


                                                            Padre Fábio de Mello



Eu Não Sou Daqui (Eu Sou de Niterói)


O samba em homenagem à cidade de Niterói foi composto em 1941 por Wilson Batista (1913-1968) e Ataulfo Alves (1909-1969).

"Eu Não Sou Daqui" foi gravado originalmente por Aracy de Almeida e, posteriormente, por Cristina Buarque. Recebeu mais recentemente uma regravação da niteroiense Zélia Duncan.

                                                                Wilson Batista

Ataulfo Alves
EU NÃO SOU DAQUI (Eu Sou de Niterói)
(Wilson Batista / Ataulfo Alves)

Eu não daqui
Eu sou de Niterói
Sinto muito , mas não posso
Aceitar o seu amor
Na terra de Araribóia
É que eu tenho quem me quer
Passe bem, seja feliz, oi
E até quando Deus quiser
Juro, tenho compromisso
Seu moço, preste atenção
Do outro lado da Baía
Empenhei meu coração


                                                                  Cristina Buarque













Pavão Misterioso

"Pavão MIsterioso" foi composta pelo cearense Ednardo (1945) em 1974 e incluída na trilha sonora da novela "Saramandaia" (1976 e 2013), da TV Globo.

Ednardo
A canção foi composta com base na literatura de cordel e possui mais de 20 regravações, tanto no Brasil (Belchior, Elba Ramalho) como no exterior (Paul Mauriat). Lançada em plena vigência da ditadura militar em nosso país, possui uma crítica ferrenha ao autoritarismo e a ausência da liberdade individual.

O cordel no qual Ednardo baseou sua grande composição chama-se "O Romance do Pavão Misterioso", escrito por José Camelo de Melo Rezende, em 1923. Conta uma aventura aparentemente despretensiosa, mas de grande apelo popular, com raízes nos contos das Mil e uma Noites. "O Pavão Misterioso” possui 141 estrofes de seis versos (sextilhas) de sete sílabas (redondilha maior). É narrada a história da Condessa Creuza, a moça mais bonita da Grécia, conservada pelo pai trancada desde a infância no mais alto quarto de um sobrado.Uma vez no ano, a moça aparece por uma hora ao povo, que vem de longe, só para contemplar-lhe a beleza. Um retrato dela chega até a Turquia, onde mora Evangelista, que se apaixona pela bela figura da jovem. Dirigindo-se à Grécia, ele encomenda a um engenheiro um mecanismo alado – o Pavão Misterioso do título – a bordo do qual consegue chegar até o quarto da moça, raptando-a, depois de vários perigos e dificuldades.

A música é considerada sagrada pelos índios do Xingu nos rituais religiosos. Também usada por outros tantos como hino à liberdade, a beleza humana e sua capacidade de realizar a vida acima das aparentes impossibilidades.

PAVÃO MISTERIOSO
(Ednardo)

Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse seu voar
Ai se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha prá contar...(2x)

Pavão misterioso
Nessa cauda
Aberta em leque
Me guarda moleque
De eterno brincar
Me poupa do vexame
De morrer tão moço
Muita coisa ainda
Quero olhar...

Pavão misterioso
Meu pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse seu voar
Ai se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha prá contar...
Pavão misterioso
Meu pássaro formoso
No escuro dessa noite
Me ajuda, cantar
Derrama essas faíscas
Despeja esse trovão
Desmancha isso tudo, oh!
Que não é certo não...

Pavão misterioso
Meu pássaro formoso
Um conde raivoso
Não tarda a chegar
Não temas minha donzela
Nossa sorte nessa guerra
Eles são muitos
Mas não podem voar...

Fonte: O Planeta é nosso.


                                                                         Ednardo


                                                             Ney Matogrosso

                                                                  Paul Mauriat

                                                                  Elba Ramalho


Jura Secreta


"Jura Secreta" é uma composição de Abel Silva (1945) e Sueli Costa (1943).

                                  Abel Silva

Mesmo tendo ocupado quartos de frente do legendário Solar da Fossa e, anos depois, sido vizinhos em Ipanema, Sueli Costa e Abel Silva jamais haviam feito um música juntos antes de “Jura Secreta”. Foi Abel quem procurou Sueli, por meio de uma carta com uma letra da qual nasceria esta canção. Como grande parte do que se escrevia na ocasião, a letra expunha de forma metafórica reflexões sobre o amordaçamento geral imposto pela ditadura. Eram versos estranhos, aparentemente contraditórios, que afirmavam negações e negavam afirmações: “Só uma coisa me entristece/ o beijo de amor que eu não roubei/ (...)/ nada do que eu quero me suprime/ do que por não saber inda não quis/ (...)/ só o que me cega, o que me faz infeliz/ é o brilho do olhar que não sofri/ (...)/ só uma palavra me devora/ aquela que o coração não diz...” Nestes dois últimos versos, o âmago do poema, Abel na se referia uma palavra específica, mas ao (não) uso da palavra, ou seja, ao silêncio involuntário.

                      Sueli Costa

Lida a carta, Sueli sentiu no primeiro momento como deveria ser a melodia, compondo de estalo a terna canção, que seria levada com outras inéditas para Maria Bethânia, na época preparando o show “Pássaro da Manhã”, no Teatro da Praia. Todavia, como Bethânia optou por “Coração Ateu”, gravado por ela em 75, Sueli pôde então atender Simone, que selecionava repertório para um novo disco e acabou escolhendo “Face a Face” e “Jura Secreta”.

A gravação de “Jura Secreta” foi atribulada, tendo acontecido duas tentativas, uma com um grupo de músicos, a outra com dois violões, ambas frustrantes, o que deixou Simone tão perturbada que chegou a menosprezar a letra de Abel. Daí os ânimos só viriam a serenar com uma intervenção de Gozaguinha, seguida da sugestão de Sueli, para que a cantora gravasse apenas com o teclado de Gilson Peranzzetta, que criaria para a composição um acompanhamento bluesy ao piano Fender. Logo na primeira tentativa Simone chegou a se engasgar de emoção, prevalecendo a segunda, que acabou sendo o grande sucesso do álbum Face a face.
Isso foi uma surpresa para os incrédulos compositores que sabiam ser “Jura Secreta” uma dessas canções classificadas como difíceis na gíria musical. Sua leitura seria até recomendada por psiquiatras para ajudar seus pacientes no processo de auto conhecimento.

Tempos depois do lançamento, Simone diria o recado a Sueli que se tivesse composto “Jura Secreta” trocaria o título para “Auto Retrato”.

Entre as gravações desta canção destacam-se as da autora, no elepê Louça fina e a de Fagner, em Quem viver chorará, além da de Simone, naturalmente.

"Jura Secreta" esteve presente na trilha sonora das novelas: "Memórias de Amor" (Simone / 1979), "Da Cor do Pecado" (Zélia Duncan / 2004)

Fonte: A CANÇÃO NO TEMPO(Jairo Severiano e Zuza Homem de Melo)

JURA SECRETA
(Sueli Costa e Abel Silva)

Só uma coisa me entristece
O beijo de amor que não roubei
A jura secreta que não fiz
A briga de amor que não causei
Nada do que posso me alucina
Tanto quanto o que não fiz
Nada que eu quero me suprime
De que por não saber
'Inda não quis
Só uma palavra me devora
Aquela que meu coração não diz
Sol que me cega
O que me faz infeliz
É o brilho do olhar
Que não sofri.


Simone - "Jura Secreta" / 1977




                                         
                                              Zélia Duncan e Simone - "Jura Secreta"

                                                   Fagner - "Jura Secreta" / 1978

                                                        Wanderléa - "Jura Secreta"


Zizi Possi - "Jura Secreta"



Retalhos de Cetim


“Retalhos de Cetim” foi composto ao tempo em que Benito Di Paula(1941) morava no bairro paulistano da Bela Vista. Curiosamente, embora pianista Benito o compôs ao violão.

Lançado em um show que ele fazia no Teleco-Teco, “Retalhos de Cetim” agradaria em cheio os habituées da casa, entre os quais se incluíam os sambistas Ciro Monteiro e Monsueto.

                         Benito Di Paula

Foi graças ao prestígio deste samba que Benito seria convidado a gravar na Copacabana, embora, paradoxalmente, a música escolhida para o compacto de estréia tenha sido “Ela”, mais tarde também gravada por Jair Rodrigues.

Desprezado por ser considerado muito romântico, “Retalhos de Cetim” só entraria no segundo compacto, iniciando de imediato sua escalada para o sucesso, que projetou o nome do autor no país e até no exterior, onde a composição ganhou gravações como as realizadas pela orquestra de Paul Mauriat e o guitarrista americano Charlie Byrd.



                                                                Benito Di Paula
“Retalhos de Cetim” conta a história de um sambista que ensaia o ano inteiro, compra surdo, tamborim e uma fantasia de retalhos de cetim para uma cabrocha que jurou desfilar por ele(“Gastei tudo em fantasia / era só o que eu queria / e ela jurou desfilar por mim”). Mas, como a cabrocha não cumpre a promessa, Benito deu ao samba um tom lamentoso, o que de certa forma induz a participação da platéia nas pausas, uma das razões que o ajudaram a se popularizar: “Mas chegou (mas chegou) o carnaval (o carnaval) / e ela não desfilou / eu chorei na avenida, eu chorei / não pensei que mentia / a cabrocha que eu tanto amei.”

Fonte: MPB Cifrantiga.

RETALHOS DE CETIM
(Benito Di Paula)

Ensaiei meu samba o ano inteiro,
Comprei surdo e tamborim.
Gastei tudo em fantasia,
Era só o que eu queria.
E ela jurou desfilar pra mim,
Minha escola estava tão bonita.
Era tudo o que eu queria ver,
Em retalhos de cetim.
Eu dormi o ano inteiro,
E ela jurou desfilar pra mim.
Mas chegou o carnaval,
E ela não desfilou,
Eu chorei na avenida, eu chorei.
Não pensei que mentia a cabrocha,que eu tanto amei.



















Cantores do Rádio

A música foi composta por Alberto Ribeiro (1902-1971), João de Barro, o Braguinha (1907-2006), e Lamartine Babo (1904-1963).

“Segundo o pesquisador Suetônio Soares Valença, a marcha "Cantores do Rádio" foi composta dentro de um ônibus, depois de uma noitada em que os três haviam perdido todo o dinheiro apostado no Cassino da Urca. Entusiasmado com a canção concebida no banco de trás do lotação, o trocador teria dispensado-os dos vinténs da passagem."

"Cantores do Rádio" representou a primeira e única vez na qual as irmãs Carmen e Aurora Miranda apareceram juntas em um filme. Elas interpretaram a canção, enorme sucesso gravado em 1936, no filme "Alo, Alo, Carnaval".

Além de estar presente na trilha sonora do filme "Alo, Alo Carnaval" ( Aurora e Carmen Miranda / 1936 ), esteve também na trilha do filme "Quando o Carnaval Chegar" ( Chico Buarque, Maria Bethânia e Nara Leão / 1972 ).

Fonte: Cliquemusic.



                                                                                                                           Alberto Ribeiro

CANTORES DO RÁDIO
( Alberto Ribeiro / Braguinha / Lamartine Babo )

Nós somos as cantoras do rádio
Levamos a vida a cantar

De noite emabalamos teu sono
De manhã nós vamos te acordar

Nós somos as cantoras do rádio
Nossas canções, cruzando um espaço azul,
Vão reunindo
Num grande abraço
Corações de norte a sul

Canto pelos espaços afora
Vou semeando cantigas
Dando alegria a quem chora
Canto pois sei
Que a minha canção
Faz estancar a tristeza que mora
No teu coração

Canto pra te ver mais contente
Pois a ventura dos outros
É a alegria da gente


                                                                    Lamartine Babo