quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Saudade da Minha Terra (Adeus Paulistinha)

"Saudade da Minha Terra", popularmente conhecida como, "Adeus Paulistinha" foi composta pela dupla Goiá (1955-1981) e Belmonte (1937-1972).

A letra foi composta por Goiá (Gerson Coutinho da Silva) devido a saudade imensa que sentia de suas raízes. de sua terra natal, Coromandel, Minas Gerais.


Goiá
Belmonte


Por diversas vezes, quando sozinho, Goiá ouvia nitidamente o barulho da chuva na telha de barro comum do seu quarto de infância, enquanto o cheiro de terra molhada penetrava por toda a casa, e assim carregava consigo a certeza de que era preciso refazer tudo isso outra vez, porque o homem sem a lembrança viva de sua terra, seus amigos, é um condenado a viver em terra estranha e não mais saber quem é ele mesmo. Mas para visitar seu povo e sua terra. Goiá queria passar primeiro por São Paulo; queria concretizar de vez aquilo que sabia fazer: cantar e compor.

Dizia... "É da solidão e de saudade que minha inspiração se nutre, mas qual é a medida correta para avaliar o sucesso". Então telegrafou para o Sinval Pereira e aí só faltava o bilhete de despedida que veio sair nos versos de "Saudade da Minha Terra"
Em novembro de 1955, quando mudava definitivamente para São Paulo e é bom lembrar que antes de ganhar o título de "Saudade da minha terra", chamava-se "Manhãs na Roça", e que Belmiro e Belmonte foi a primeira dupla a gravá-la, não fazendo sucesso, em seguida, com Belmonte e Amaraí, aí sim com muito sucesso.


SAUDADE DA MINHA TERRA
(Goiá / Belmonte)
De que me adianta viver na cidade
Se a felicidade não me acompanhar
Adeus, paulistinha do meu coração
Lá pro meu sertão quero voltar
Ver a madrugada, quando a passarada
Fazendo alvorada começa a cantar
Com satisfação arreio o burrão
Cortando o estradão saio a galopar
E vou escutando o gado berrando
Sabiá cantando no jequitibá

Por nossa senhora, meu sertão querido
Vivo arrependido por ter te deixado
Esta nova vida aqui na cidade
De tanta saudade, eu tenho chorado
Aqui tem alguém, diz que me quer bem
Mas não me convém, eu tenho pensado
Eu fico com pena, mas essa morena
Não sabe o sistema que eu fui criado
Tô aqui cantando, de longe escutando
Alguém está chorando com o rádio ligado.

Que saudade imensa do campo e do mato
Do manso regato que corta as campinas
Aos domingos ia passear de canoa
Nas lindas lagoas de águas cristalinas
Que doce lembrança daquelas festanças
Onde tinham danças e lindas meninas
Eu vivo hoje em dia sem ter alegria
O mundo judia, mas também ensina
Estou contrariado, mas não derrotado
Eu sou bem guiado pelas mãos divinas
Pra minha mãezinha já telegrafei
E já me cansei de tanto sofrer
Nesta madrugada estarei de partida
Pra terra querida, que me viu nascer
Já ouço sonhando o galo cantando
O inhambu piando no escurecer
A lua prateada clareando a estrada
A relva molhada desde o anoitecer
Eu preciso ir pra ver tudo ali
Foi lá que nasci, lá quero morrer.












9 comentários:

  1. Parabéns ao blog.Por este resgate das músicas de raiz.Eu me emocionei com Goiá e Belmonte.Gostaria muito de ler este texto na rádio Lunar.Radiolunar337.minhawebradio.net

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  2. Uma joia da verdadeira música sertaneja, caipira.

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  3. As lembranças apresentadas pelo eu lírico do trecho acima Bem com a sua identificação com o sertão são elementos q fazem com que o local citado possa ser clasdclassicar como

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  4. Muito linda essa música para relembrar sempre

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  5. Essa obra aí, ou esta obra aqui também, já imortalizada, é qualquer coisa de fenomenal. Dispensa comentários...

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  6. Que poesia! Hoje não vemos mais letras e músicas tão lindas e profundas. Obra de arte!

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  7. Essa música é um verdadeiro hino da musica sertaneja, é atemporal.

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  8. Muito obrigado por compartilhar a história!

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  9. Também tem a gravação do próprio Goiá, no álbum "Goiá em duas vozes".

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