quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Camisa Amarela

É um samba composto por de Ary Barroso (1903-1964), em 1939.

Tal como “Camisa Listrada”, “Camisa Amarela” é uma curiosa crônica de um episódio carnavalesco carioca. Na letra, uma das melhores de Ary Barroso, a protagonista narra as proezas do amante folião, que volta sempre aos seus braços, “passada a brincadeira”.
Procurando dar uma impressão de realidade à história, Ary chega a localizá-la no tempo e no espaço, com a citação de músicas do carnaval de 39 _ “Florisbela” e “Jardineira” _ e lugares do Rio _ o Largo da Lapa, a Avenida (Rio Branco) e a Galeria (Cruzeiro).
Entregue no disco de estréia à sua intérprete ideal, Aracy de Almeida, “Camisa Amarela” tem ainda uma gravação notável do próprio Ary Barroso, cantando e se acompanhando ao piano, em 1956.

Fonte: (A Canção no Tempo – 85 anos de músicas brasileiras – Vol. 1)

Ary Barroso

“Camisa Amarela” corria o risco de se tornar um sucesso datado, pois faz referências a duas músicas da época em que foi gravada, por sinal, dois clássicos do Carnaval de todos os tempos: “A Jardineira” e “Florisbela”, sucessos que se tornaram históricos na voz de Orlando Silva.
Além disso, na sua melhor passagem, cita o “turbilhão da Galeria”, que não existe mais, aquele cruzamento de ruas internas que formavam o centro do centro do Carnaval carioca, onde os bondes da zona sul faziam o retorno que, mais tarde, com o desaparecimento da Galeria Cruzeiro e do hotel Avenida, mudou-se para o ponto terminal no Largo da Carioca, apropriadamente chamado de “o tabuleiro da baiana”.

A canção esteve presente na trilha do filme português “O Pátio das Cantigas (1942) na voz de Maria da Graça.

CAMISA AMARELA
(Ary Barroso)

Encontrei o meu pedaço na avenida
De camisa amarela
Cantando a Florisbela, oi, a Florisbela
Convidei-o a voltar pra casa
Em minha companhia
Exibiu-me um sorriso de ironia
Desapareceu no turbilhão da galeria

Não estava nada bom
O meu pedaço na verdade
Estava bem mamado
Bem chumbado, atravessado
Foi por aí cambaleando
Se acabando num cordão
Com o reco-reco na mão
Mais tarde o encontrei
Num café zurrapa
Do Largo da Lapa
Folião de raça
Tomando o quarto copo de cachaça
Isto não é chalaça

Voltou às sete horas da manhã
Mas só na quarta feira
Cantando A Jardineira, oi, A Jardineira
Me pediu ainda zonzo
Um copo d'água com bicarbonato

O meu pedaço estava ruim de fato
Pois caiu na cama
E não tirou nem o sapato

E roncou uma semana
Despertou mal humorado
Quis brigar comigo
Que perigo, mas não ligo!
O meu pedaço me domina
Me fascina, ele é o tal

Por isso não levo a mal
Pegou a camisa, a camisa amarela
E botou fogo nela
Gosto dele assim
Passada a brincadeira
E ele é pra mim
Meu Sinhô do Bonfim.



























5 comentários:

  1. Que coleção preciosa. Descobri com espanto que conhecia a letra de quase todas as músicas. Quanta melodia linda, quanta letra de arrasar. Espero que continuem existindo.
    Jacqueline Menezes

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelo carinho! Fiquei afastado mas voltei com força total! Estou atualizando e começando novas postagens. Abraços!

      Excluir
  2. A melhor versão dessa música, na minha modesta opinião, é a de Aracy de Almeida.

    ResponderExcluir
  3. Inclusive, existe uma história que diz que Ary compôs essa música especialmente para Aracy de Almeida.

    ResponderExcluir