terça-feira, 20 de novembro de 2012

Tatuagem

A música é uma composição de Chico Buarque (1944) e o moçambicano Ruy Guerra(1931) e foi interpretada por grandes nomes da MPB, tendo ainda gravações em espanhol sob o título “Tatuaje”. É considerada por muitos uma das mais belas canções de Chico Buarque.

A canção foi composta especialmente para o musical “Calabar, o Elogio da Traição”(1973), de Ruy e Chico, dirigido por Fernando Peixoto. Em 20 de outubro de 1974, o general Antônio Bandeira, da Polícia Federal, sem motivo aparente, proibiu a peça, proibiu o nome Calabar do título e, como se não bastasse, ainda proibiu que a proibição fosse divulgada. Seis anos mais tarde, uma nova montagem estrearia, desta vez, liberada pela censura.
Mais das curiosidades ligadas a este espetáculo é que o LP “Chico Buarque Canta Calabar”(1973), que o compositor lançou para sanar o prejuízo, foi boicotado parcialmente. A capa do LP foi submetida a outro projeto gráfico: capa branca, e o título esquisito: “Chico Canta”. O que Chico cantava? Letras em pedaços.

Algumas de suas músicas são censuradas. Para driblar a censura, cria o personagem heterônimo Julinho da Adelaide. A artimanha dá certo e as canções Acorda, Amor, Jorge Maravilha e Milagre Brasileiro passam sem grandes problemas pela censura. Julinho da Adelaide concede ao escritor e jornalista Mario Prata uma longa entrevista para o jornal Última Hora. O público só tomaria conhecimento da verdade por meio de uma reportagem publicada em 1975 pelo Jornal do Brasil.

Foi lançado ainda, pela Civilização Brasileira o livro Calabar, o Elogio da Traição



TATUAGEM

Composição: Chico Buarque - Ruy Guerra

Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é prá te dar coragem
Prá seguir viagem
Quando a noite vem...

E também prá me perpetuar
Em tua escrava
Que você pega, esfrega
Nega, mas não lava...

Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem...

E nos músculos exaustos
Do teu braço
Repousar frouxa, murcha
Farta, morta de cansaço...

Quero pesar feito cruz
Nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem...

Quero ser a cicatriz
Risonha e corrosiva
Marcada a frio
Ferro e fogo
Em carne viva...

Corações de mãe, arpões
Sereias e serpentes
Que te rabiscam
O corpo todo
Mas não sentes...

TATUAJE
(Chico Buarque/Ruy Guerra)

Quiero quedarme en tu cuerpo como un tatuaje
para darte coraje para seguir el viaje
cuando la noche viene.
Y también para perpetuarme en tu esclava
que tu cojes, frotas, niegas pero no limpias.

Quiero jugar en tu cuerpo como bailarina
que luego te alucina, salta y te ilumina
cuando la noche viene
Y nuestros musculos exhaustos de tu brazo
descansa débil, mustia, harta, muerta de cansancio.

Quiero pesar como una cruz en tus costas
que te corta en lugares pero en el fondo te gusta
cuando la noche viene
Quiero ser la cicatriz risueña y corrosiva
marcada a frio, a hierro y fuego
en carne viva.

Corazones de madre, arpones,
sirenas y serpientes
Que te dibujan por todo el cuerpo
mas no sientes... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário