terça-feira, 20 de novembro de 2012

Máscara Negra

A marcha-rancho “Máscara Negra” foi composta para o carnaval de 1967 por Zé Kéti (1921-1999) e Hildebrando Pereira Matos e gerou uma intensa polêmica sobre sua autoria. A primeira parte da música é atribuída ao irmão de Hildebrando, Deusdedith Pereira Matos. A canção levou Zé Kétti aos tribunais para provar sua autoria, pois após o falecimento do parceiro, a família entrou na justiça dizendo que a composição era apenas de Hidelbrando.

“Máscara Negra” foi um dos maiores êxitos da carreira de Zé Kéti. Foi aclamada como a melhor música do carnaval de 1967, vencendo naquele ano o Primeiro Concurso de Músicas para o Carnaval, criado pelo Conselho Superior de MPB do MIS (Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro). O Brasil rendeu-se ao lirismo melódico que tratava do re-encontro de um Pierrô com uma Colombina, o Arlequim chorando por ela : ” Tanto riso /oh quanta alegria /mais de mil palhaços no salão /o Arlequim está chorando pelo amor da Colombina /no meio da multidão”. Se você se emocionou com o “recall” desses versos, imagine naquele tempo, o romantismo à flor da pele. No ano seguinte a General Eletric contratou o compositor como garoto propaganda para o lançamento de um modelo de aparelho que seria denominado justamente de “Máscara Negra”, o seu diferencial era mesmo a tela mais escura, que melhor realçaria os efeitos das imagens, P&B naquele tempo,. A tela negra agia como um filtro de luz. O Comercial de lançamento do produto, não tem nada de excepcional e a magnífica trilha sonora do sucesso carnavalesco aparece apenas em segundo plano.

Para compor “Máscara Negra” Zé Kéti buscou inspiração em uma máxima carnavalesca que há muito o incomodava. Já estava cansado de ouvir falar do Pierrô chorando e do Arlequim sorrindo. Invertendo a lógica da tradição carnavalesca (Pierrô símbolo da tristeza e Arlequim da alegria), Zé Kéti compôs “Máscara Negra”.

Como curiosidade vale ressaltar que o pseudônimo “Zé Kéti” veio do apelido de infância, “Zé Quieto” ou “Zé Quietinho”. O nome de batismo do compositor era José Flores de Jesus.


MÁSCARA NEGRA
(Zé Kéti e Pereira Matos)

Tanto riso, oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando pelo amor da Colombina
No meio da multidão

Foi bom te ver outra vez
Tá fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou
Que te beijou, meu amor
A mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval.

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