quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Maringá (Maringá, Maringá)

"Maringá" é uma composição de Joubert de Carvalho (1900-1977).

É comum no mundo inteiro cidades emprestarem seus nomes a canções. Difícil é uma canção inspirar o nome de uma cidade, como foi o caso de "Maringá". O fato ocorreu em 1947, quando Elizabeth Thomas, esposa do presidente da Companhia de Melhoramentos do Norte do Paraná, sugeriu que a composição desse nome a uma cidade recém-construída pela empresa, e que em breve se tornaria uma das mais prósperas do estado.
O curioso é que a canção jamais teria existido se seu autor Joubert de Carvalho não fosse, quinze anos antes, um frequentador assíduo do gabinete do então ministro da viação, José Américo de Almeida.

Joubert de Carvalho

Joubert, formado em medicina, pleiteava uma nomeação para o serviço público. Numa dessas visitas, aconselhado pelo oficial de gabinete Rui Carneiro, o compositor resolveu agradar o ministro, que era paraibano, escrevendo uma canção sobre o flagelo da seca que na ocasião assolava o Nordeste.
Surgia assim a toada "Maringá", uma obra-prima que conta a tragédia de uma bela cabocla, obrigada a deixar sua terra numa leva de retirantes. Em tempo: alguns meses após o lançamento vitorioso de "Maringá", Joubert de Carvalho foi nomeado para o cargo de médico do Instituto dos Marítimos, onde fez carreira chegando a diretor do hospital da classe.

Outra versão: Muita gente ainda pensa que "Maringá" é uma homenagem do Joubert à simpática cidade paranaense, que tem este nome. Não é verdade. Foi o Paraná que homenageou a "cabocla Maringá" dando a uma de suas cidades o nome da retirante nordestina, que a canção consagrou.

Joubert de Caravalho

No seu livro "Dama do Encantado", o escritor João Antônio lembra como nasceu a canção. Conta, em síntese, o seguinte: - 1930. Convidado por Joubert de Carvalho, o paraibano José Américo de Almeida, à época um poderoso ministro de Getúlio, foi à casa do compositor de "Pierrô", de quem se dizia fã. Naquela noite, Zé Américo esqueceu que era ministro, e mergulhou numa serenata que invadiu a madrugada carioca.
Dias depois, Rui Carneiro, seu oficial de gabinete, pediu a Joubert "uma composição sobre o Nordeste calcinado e penando miséria". Queria agradar o patrão. No primeiro momento, o poeta desejou compor falando de Areias, a terra natal de Zé Américo. Desistiu, alegando que "Areias não era musical". Restou-lhe compor em cima da cidade de Rui Carneiro, a cativante e sonorosa Pombal.
Mas Joubert achava que "em toda história sempre entra uma mulher". Tinha que botar na canção uma Maria. E essa Maria ele foi buscar na pequenina Ingá, cidade "onde a seca castigava mais tirana". Maria do Ingá, no primeiro instante; logo em seguida, Maringá. E com este nome, nascia a canção.

Durante algum tempo, andaram dizendo que a letra de "Maringá" (1932 - gravada por Gastão Formenti) era do poeta Olegário Mariano. No livro "Parceiro da Glória", colhi do seu autor, o saudoso jornalista e compositor David Nasser, a confirmação de que os versos são do Joubert e não do poeta das cigarras.

Vale muito a pena conferir o terceiro video postado ao final.

MARINGÁ
(Joubert de Carvalho)

Foi numa leva que a cabocla Maringá
Ficou sendo a retirante que mais dava o que falar
E junto dela veio alguém que suplicou
Pra que nunca se esquecesse de um caboclo que ficou
Maringá, Maringá
Depois que tu partiste
Tudo aqui ficou tão triste
Que eu garrei a imaginar
Maringá, Maringá

Para haver felicidade

É preciso que a saudade
Vá bater noutro lugar
Maringá, Maringá
Volta aqui pro meu sertão
Pra de novo o coração
De um caboclo assossegar
Antigamente uma alegria sem igual

Dominava aquela gente da cidade de Pombal
Mas veio a seca, toda água foi embora
Só restando então a mágoa
Do caboclo quando chora.

Fonte: MPB Cifrantiga / Capital da seresta.



















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